Amarelinhas. Bolinhas de gude.
Bonecas e piões. Assim ensinaram-nos a brincar e brincaram os nossos pais. Eram
eles quem nos diziam como, quando e onde brincar. De certa forma, eram eles os
próprios agentes publicitários e que na maioria das vezes os legitimávamos
também como os nossos heróis.
Os desafios atuais são outros:
não somos mais heróis para a geração Y ou Z. Também não somos os agentes
publicitários a mostrar-lhes o que, quando e onde comprar.
O que vemos é uma excessiva
exposição de campanhas publicitárias aliadas a mensagens subliminares que
interferem na formação sociocultural das crianças. Essas campanhas visam
explorar a imaginação infantil para que pais e/ou responsáveis fiquem reféns
das vontades de seus próprios filhos motivadas por um mercado que valoriza cada
vez mais o ter em detrimento ao ser. O verbo empregado quase sempre é trocar e
quase nunca doar ou reciclar; é adquirir e nunca emprestar ou compartilhar;
tornando, portanto, crianças cada vez mais egoístas e solitárias.
O desafio é enorme. Cabe ao
governo atuar de forma fiscalizadora, através dos órgãos competentes, como o
Conar e o Conanda, as campanhas publicitárias infantis que visam tão somente
explorar muito mais do que apresentar a meninos e meninas seus sonhos
materializados em brinquedos, roupas, calçados ou até mesmo gêneros
alimentícios punindo de forma exemplar publicidades abusivas que promovam o
consumismo desenfreado e a segregação social.
Já a família e a escola devem incutir
valores que vão além dos invólucros de presentes cada vez mais nanotecnológicos
e resgatar o caminho da solidariedade e o domínio próprio corroborando assim no
papel de construir uma identidade menos consumista e mais cidadã e que questões
sobre consumismo versus necessidade sejam debatidas para que futuramente
tenhamos consumidores responsáveis, críticos e conscientes.
Afinal, agindo assim formaríamos
uma geração apaixonada por tecnologia e que valoriza também as ações humanas,
quer na representação de uma amarelinha, quer nos games ou nos tablets.