sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Paternidade eleitoral: eufemismo de Coronelismo

(Na íntegra: O que o HOJE EM DIA não teve coragem de publicar, você lê aqui e agora em sua totalidade!)

O coronelismo no Brasil é símbolo de autoritarismo e de impunidade. A paternidade por sua vez, segundo o dicionário Aurélio significa: “Estado, qualidade de pai. / Relação jurídica entre pais e filhos. (Distingue-se a paternidade legítima, em que os filhos procedem de uma união entre pai e mãe, da paternidade adotiva, em que o filho é adotado.) / Fig. Criação, autoria.”

Em reportagem recente do HOJE EM DIA, vimos um quadro de alianças partidárias que em se colocando em forma de imagens, teríamos uma miscigenação ideológica nunca antes imaginada.

Permitam-me utilizar o significado da palavra Paternidade em seu sentido conotativo que seria uma espécie de 'criação' e/ou 'autoria', o que contextualizando o atual cenário político do Brasil, resulta em uma série de paternidades esquizofrênicas (produtos de criação de seus idealizadores) que tem cheirado mais a algum tipo de coronelismo enrustido por tal prática.

É só agirmos como os famosos filhos de Issacar, que tiveram sua história narrada no texto bíblico do primeiro livro de Crônicas, capítulo 12 verso 24 em que são reconhecidos como jovens “conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer” e ver que precisamos, mais do que nunca, tornar-nos conhecedores da época ponderando sobre os fatos atuais, fazendo uma leitura do atual momento em que passamos para que, consigamos, com total consciência própria e não indutiva, fazer escolhas que resultarão em ações futuras. É conhecer para saber o quê o Brasil deve fazer doravante.

Em evento oficial no estado de Pernambuco, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil “precisa de uma mãe”.(?) Não, o Brasil não precisa de mais uma mãe, já basta as mães que temos e que por si só são insubstituíveis. O que o Brasil precisa é de um(a) presidente que cumpra o que prometeu em seu plano de governo e que atenda a todos, não uma só classe em detrimento à outra. Numa entrevista a rádios do Nordeste, como bem noticiou a edição de ontem do HOJE EM DIA, Lula ainda provoca não só antecessores como presidenciáveis, como se o fosse, e termina afirmando que “inteligência não tem nada a ver com a quantidade de anos de escolaridade” julgando a inteligência como um dom e não uma “coisa” (sic) que muita gente tem sem nunca ter ido a escola.” É claro que o presidente está se referindo a sabedoria popular, ao senso comum e não ao conhecimento empírico, que resultam em pesquisas capazes de descobrirem pré-sal no litoral brasileiro, esse sim, só adquirido através de muitos anos em banco de escolas, universidades e bons centros de pesquisas... E isso leva um tempo senhor presidente!

Admirei ao ler que a extinção da CPMF (contribuição PROVISÓRIA sobre movimentação financeira) segundo o Exmo. Sr. presidente, foi uma derrota do governo, mas não restam dúvidas que também foi uma vitória do povo, que arcava com os R$ 40 bilhões por ano através de suas contas correntes pífias enquanto que parlamentares faziam farras com mensalão, mensalinho e ninguém até agora, pelo que sei, entregou o que roubou dos cofres públicos e diga-se de passagem que é dinheiro do povo, pago através das altas taxas impostos que nos são cobrados, para não dizer espoliando-nos, anos após anos, e por isso, a tão famigerada Reforma Tributária ainda não saiu, pois tem quem a mantêm: nós, o povo!!!

Ao dizer que o Brasil precisa de um mãe, Lula afronta (de novo) o TSE, (que não consigo entender a postura tão passiva!) afronta seu eleitorado e afronta o povo brasileiro através da impunidade, que diziam combatê-la com tanta força quando não se estava no poder. Esse, como diria Frei Betto, não corrompe jamais o homem, revela-o. E é nisso que tem se revelado o nosso atual presidente: o faz porque tem na impunidade a certeza de que poderá continuar usando a máquina da União, a opinião pública, pelos seus 80% de aprovação de governo, e pelo ato de coronelismo, que agora volta na forma de paternidade eleitoral. “Eu digo em quem você vota e pronto!”

Como não há mais o que fazer pelo homem que teve tudo para se transformar em herói nacional, mas deixou que o poder roubasse parte dessa história ao não saber terminá-la; resta-nos procurar entre esses que se julgam prontos a assumir o posto mais importante da nação, e que escreverá (de novo), uma nova história, demonstrando que o Brasil ainda pode ter outros heróis.

Macunaíma, na galeria de nossos anti-heróis, espera pela fotografia do próximo, pois a de Lula já está bem guardada!

Como professor de língua e literatura, não poderia jamais terminar sem antes sugerir uma leitura, ao ainda presidente e procurador de uma mãe para o Brasil; a leitura do mesmo livro indicado por Tião Martins em sua crônica “Que venha o Apocalipse” (HOJE EM DIA, edição de 18/08/2010); “1934” de Alberto Moravia. Como bem disse Martins, “não somente por ser bem escrito, mas por denunciar as armadilhas em que o intelectual alienado pode cair quando – enamorado de si mesmo – perde de vista a realidade!”

Quaisquer semelhanças com os fatos ou personagens terá sido mera coincidência!

Sola Scriptura.

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